sábado, 27 de dezembro de 2008

sobre o tempo e outras inutilidades













eterno retorno

quase 35. acontece agora, daqui a pouco, na sexta.
e o pior é que nem são tantas as rugas; nem tão grande a barriga; ou sequer massacrada a alma. cheguei inteiro no que talvez seja a metade exata da minha vida. e se for pra passar dos 70, que haja novas químicas, novas substâncias em forma de gás perfumado, novas fugas.
enquanto isso, novo blog, eterno retorno, sempre uma penúltima chance.

(...)
afinal, amadurecer é uma piada engraçada, apesar de contada da maneira errada. sem graça, então.
(...)
tenho pensado bastante sobre o que já passou por mim; pelas coisas que ficaram às minhas costas.
em regressiva, começando destes últimos dias, me é possível encadear um pequeno rosário mnemônico:
- é a casa nova respirando, uma nova arrumação para o quarto que era de márcio;
- é um outro layout para a sala, discos erguidos do chão, souvenirs resgatados do mofo;
- é voltar a acordar sozinho. e apesar de thiago sempre ao lado, foi um natal com gosto de sangue na boca. desfazer laços, recuperar a circulação nas veias um momento antes da gangrena. sempre dói. mas cura.


palestra, italia!
ouvindo um arremedo de björk: uma balzaquiana de milão chamada Meg, com um disquinho que me lembra bastante os primeiros petardos da esquimó. e ela canta, entre uma harpa e uma sequência muito boa de beats, que "è troppo facile" qualquer coisa (não entendo bulhufas de italiano, mas o refrãozinho é que me pegou em cheio).
recomendo muito para este fim de ano/mundo: Psychodelice, é o disco da jovem senhora.


















(...)
e encontrei amigos que há anos não via; na fila do acarajé da cidade 2000 (porque, graças a deus, algumas boas coisas realmente nunca mudam, o acarajé, a fumaça do dendê, a interminável espera). e como é bom perceber que ainda mantemos um pouco do que nossa memória costuma achar que é só idealização. tenho dessas coisas: transformo em idílio a maior parte das lembranças. pior que sinto isso com alívio, quase como se não me sentisse no direito de ter, no presente, os mesmos deleites que só a memória me proporciona.
e olhe que memória, comigo, é um negócio complicado.
(…)
a verdade é que já apresento todos os sintomas de uma caduquice ridícula: pequenas manias (perceptíveis somente aos muito próximos - e tiques que nem mesmo thiago seria capaz de perceber); uma insistência secreta em achar que sou realmente um mero truque; lapsos de memória... sempre essa iminência de um futuro quadro de alzheimer, ai fucking djisas!


tudo sobre mim mesmo



















ganhei de márcia o "conversas com almodóvar", da jorge zahar editor e parei a leitura de "a montanha mágica" (traindo assim a expectativa de thiago). na verdade, semanas antes, já havia trocado thomas mann por uma vogue de dezembro. acho que prefiro algo mais quente nesta temporada, e os alpes do livro estavam entrando rasgando, a certo custo. retomo na época das chuvas. até lá, almodóvar, discovery science e tardes de ouro deitado na cama, fermentando no abrigo de um abraço longo.

easy rider
sem vintém no bolso, o último dia do ano ainda nos é incógnito com relação ao destino. queremos sair da cidade. sem rumo, como é bom. pra mim, suficiente é apenas o tanque cheio e uma direção: sol poente, sol nascente. e pronto, parar quando a vista for bonita ou a vontade ordenar ou o cansaço for mais comprido que a estrada.
(...)

aventure-me
e vou começar cheio de estilo a última semana deste ano incrível (bom ou ruim?): aluguei três filmes do antonioni, da fase da incomunicabilidade. perfeito, né?
aproveito pra rever "a noite" e "l'avventura", cuja seqüência final é uma das coisas mais lindas que eu me lembro de já ter visto. e veremos "o deserto vermelho", morrendo de medo de não dormir. perdi o hábito de desacelerar sem cair no sono. que merda!
(...)
enfim, bom recomeço pra todos nós.